sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Crise pedagógica existencial

Li uma vez que ser professora de artes é algo um tanto solitário... Se o real desenvolvimento de alguns de nossos alunos jamais será contemplado em algum Ideb, o que dizer da singela contribuição das artes, tão permeada por tantos outros saberes, tão povoada da menosprezada missão de humanizar a vida e enriquecê-la com fruição, deleite, experiência, significados... Não é saber desenhar bem, é fazer uma pintura bonita e continuar colocando tinta até cobri-la por inteiro, é fazer relações entre imagens, é ter autonomia e pouca preocupação se a professora vai gostar, é permitir-se experimentar, é perceber que há jeitos diferentes de representar/ dizer a mesma coisa ou jeitos iguais de dizer coisas diferentes, enfim... mensuro isso como, por que e pra quê?!... No final de um projeto já havia certa vez sinalizado sobre o entendimento que o percurso demonstrara-se mais relevante do que o resultado final e que ao invés de chegar às respostas de questionamentos iniciais, o êxito havia sido a capacidade de instigar-se a mais perguntas. Na prática isso é mais complicado de administrar -consigo mesmo- do que parece. Se não há modelo a ser seguido e se não se busca uma específica resposta, como posso mensurar um resultado satisfatório? Não tenho uma turma, tenho várias, não tenho uma sala, tenho várias, não tenho um resultado, tenho vários, mas mesmo não querendo respostas e valorizando a capacidade de perguntas, me angustio ao perceber que as vezes eu gostaria de tê-las.

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