quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Marcelo Cidade

Luto e luta -2008

Leitura de Imagem baseado em Edmund Feldman
           Descrição: A obra “Luto e luta” trata-se de uma instalação de Marcelo Cidade com blocos de concreto sobre a bandeira do Brasil que integrou em 2010 a exposição "Para Ser Construídos", no Musac na Espanha e agora em 2011 expõe na 8º Bienal do Mercosul em Porto Alegre. Marcelo Cidade nasceu em São Paulo em 1979. Vive e trabalha em São Paulo e é formado em Artes Plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado. O ambiente urbano e o sistema das artes são focos dos trabalhos do artista que realiza pichações, pinturas, performances, fotos e vídeos. É um artista que cria ou altera o ambiente ao seu redor, interferindo no ambiente e tornando-o expressivo. Por meio de diferentes operações estéticas reinventa formas e utiliza diversos tipos de materiais.
           Análise: A bandeira do Brasil está no chão e aparece dela apenas as pontas verdes e um pequeno pedaço do losango amarelo porque os blocos de concreto estão sobre ela. O cinza neutro e apático dos blocos contrasta-se com o vivo verde bandeira. Os blocos de concreto destacam-se por obterem maior peso e volume, mas mesmo estando por cima e cobrindo praticamente toda a superfície da bandeira, esta é rapidamente identificada e revelasse como crucial na obra, sendo, portanto o principal elemento da instalação.
           Interpretação: Sobre o Brasil se ergue o progresso esmagador – está é a primeira impressão ao ver a obra-. É inevitável um pouco de melancolia por se tratar de um símbolo de seu próprio país esmagado pelo concreto. Este concreto visto friamente não é um componente ruim porque nos remete à construções, cidades, modernização, etc. Componentes de progresso mas que de certa forma afligem. Por quê? Porque sufocam, invadem espaços e sabemos que não serão garantia de felicidade. O que predomina é a construção como se fosse mais importante do que o próprio chão sobre o qual ela se ergue. Sinto que o progresso é bom, mas ele não deve ultrapassar questões éticas principalmente ambientais. Por que razão devemos modernizar em vez de preservar? O desenvolvimento e inovação sem dúvida é muito positivo: Geram lucros para o país, porém lucros mal administrados jamais serão garantia de equidade. Ao contrário da louca busca pelo crescimento urbano, porque não se busca desenfreadamente por melhor administrar o que se tem disponível com ética e integridade? Inovar ou preservar? De imediato a inovação pode seduzir proporcionando melhorias, mas ao longo prazo a preservação pode ser muito mais rentável e útil para o país.
                   

           Julgamento: O Brasil na atualidade é um país com potencial para desenvolvimento que está num momento de crescimento econômico, portanto considero que esta obra representa um fato decorrente na atualidade podendo assim ser chamada de instrumentalista. Mas como também se destacam o impacto e sensações que a obra nos imprime ao observá-la, ela pode ser chamada também de expressivista, causando certo desconforto por se tratar de um símbolo nacional sufocado pelos blocos de concreto gerando sentimentos como angústia e aflição.  


Referências:
 - ALVES, Cauê. Entrevista com Marcelo Cidade. Disponível em:   http://bienalmercosul.art.br/blog/entrevista-marcelo-cidade/. Acesso dia 06 nov.2011.
 - CHAIA, Miguel. A arte da exceção. Disponível em: http://www.pucsp.br/neamp/artigos/artigo_48.htm Acesso dia 03 dez. 2011.
- CYPRIANO, Fabio. Museu espanhol celebra aniversário com arte latina. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/756734-museu-espanhol-celebra-aniversario-com-arte-latina.shtml Acesso dia 03 dez. 2011.