quarta-feira, 24 de julho de 2013

O que é arte?

Ao lermos um livro com o título “O que é arte?” pode-se apressadamente supor que encontraremos uma fácil e esclarecedora explicação que supra nossos anseios de poder determinar o que afinal significa arte. Doce ilusão logo é transformada em dura realidade de perceber, logo folheando as primeiras páginas que a resposta não é dada assim, facilmente e mais do que isso, percebe-se, ao final, de que há inúmeras possibilidades de respostas e infindáveis relações que não se esgotam nas explicações do autor. O autor cita obras célebres que são incontestavelmente nomeadas obras de arte e que provocam admiração e conflita com outras que também ocupam o cargo de serem obras de arte como “O urinol” de Duchamp e que ao contrário de ocasionarem admiração, causam estranhamento. Diante deste estranhamento tudo que até então se consolidou como arte precisa ser repensado para tentar dar conta dessas outras produções/manifestações produzidas e em determinado momento aceitas como arte.
Se esse estranhamento provoca uma reelaboração dos critérios que são utilizados para determinar a arte, propicia também a percepção de que por trás destas reelaborações de conceitos está as incessantes mudanças de discursos que se transformam de acordo com o tempo em que se está inserido.
Visto isso, como determinar o que tem valor artístico? E para essa nova pergunta outras tantas relações e repostas podem ser elencadas e o que podemos afirmar é que quando se modifica o conceito é porque se modificou o foco e se o foco foi alterado é porque mudou o tempo, o lugar ou ainda: o ponto de vista.
Se de acordo com o livro podemos afirmar que os “tempos” e “lugares” possuem seus critérios específicos para qualificar a excelência de alguma obra, também se faz necessário salientar que é comumente que estes julgamentos advindos da crítica de arte dignifiquem alguns em detrimento de outros e tenham como base não só as relações com outras obras já “consagradas”, mas também questões de afinidade pessoal por parte de quem discorre uma crítica e, portanto expõe o relativismo de uma hierarquia no campo das artes.

As abordagens de Jorge Coli advindas da tentativa de formular esclarecimentos e reflexões acerca da arte nos faz afirmar que mesmo que se tente dar a arte um estudo científico e por mais que se pretenda elencar formulações para que se possa analisá-la, fazê-la ou entendê-la, sempre haverá novas hipóteses, relações e manifestações que fugirão à regra. E é sob o prisma destas relações que podemos considerar a arte tão complexa quanto é a complexidade do mundo e afirmar que nunca será suficiente analisa-la de acordo com um específico aspecto porque sua abrangência inevitavelmente vai além da ótica da razão.



Referência bibliográfica: COLI, Jorge. O que é arte. São Paulo: Brasiliense, 1995. 131p.

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