Marcelo Cidade
Luto e luta -2008
Leitura de Imagem baseado em Edmund Feldman
Descrição: A obra “Luto e luta”
trata-se de uma instalação de Marcelo Cidade com blocos de concreto sobre a
bandeira do Brasil que integrou em 2010 a exposição "Para Ser
Construídos", no Musac na Espanha e agora em 2011 expõe na 8º Bienal do Mercosul
em Porto Alegre. Marcelo Cidade nasceu em São Paulo em 1979. Vive e trabalha em
São Paulo e é formado em Artes Plásticas pela Fundação Armando Álvares
Penteado. O ambiente urbano e o sistema das artes são focos dos trabalhos do
artista que realiza pichações, pinturas, performances, fotos e vídeos. É um
artista que cria ou altera o ambiente ao seu redor, interferindo no ambiente e
tornando-o expressivo. Por meio de diferentes operações estéticas reinventa
formas e utiliza diversos tipos de materiais.
Análise: A bandeira do Brasil está no
chão e aparece dela apenas as pontas verdes e um pequeno pedaço do losango
amarelo porque os blocos de concreto estão sobre ela. O cinza neutro e apático
dos blocos contrasta-se com o vivo verde bandeira. Os blocos de concreto
destacam-se por obterem maior peso e volume, mas mesmo estando por cima e
cobrindo praticamente toda a superfície da bandeira, esta é rapidamente
identificada e revelasse como crucial na obra, sendo, portanto o principal
elemento da instalação.
Interpretação: Sobre o Brasil se ergue
o progresso esmagador – está é a primeira impressão ao ver a obra-. É
inevitável um pouco de melancolia por se tratar de um símbolo de seu próprio
país esmagado pelo concreto. Este concreto visto friamente não é um componente
ruim porque nos remete à construções, cidades, modernização, etc. Componentes
de progresso mas que de certa forma afligem. Por quê? Porque sufocam, invadem
espaços e sabemos que não serão garantia de felicidade. O que predomina é a
construção como se fosse mais importante do que o próprio chão sobre o qual ela
se ergue. Sinto que o progresso é bom, mas ele não deve ultrapassar questões
éticas principalmente ambientais. Por que razão devemos modernizar em vez de
preservar? O desenvolvimento e inovação sem dúvida é muito positivo: Geram
lucros para o país, porém lucros mal administrados jamais serão garantia de
equidade. Ao contrário da louca busca pelo crescimento urbano, porque não se
busca desenfreadamente por melhor administrar o que se tem disponível com ética
e integridade? Inovar ou preservar? De imediato a inovação pode seduzir
proporcionando melhorias, mas ao longo prazo a preservação pode ser muito mais
rentável e útil para o país.
Julgamento: O Brasil na atualidade é
um país com potencial para desenvolvimento que está num momento de crescimento
econômico, portanto considero que esta obra representa um fato decorrente na
atualidade podendo assim ser chamada de instrumentalista. Mas como também se
destacam o impacto e sensações que a obra nos imprime ao observá-la, ela pode
ser chamada também de expressivista, causando certo desconforto por se tratar
de um símbolo nacional sufocado pelos blocos de concreto gerando sentimentos
como angústia e aflição.
Referências:
- ALVES, Cauê. Entrevista com Marcelo Cidade. Disponível em: http://bienalmercosul.art.br/blog/entrevista-marcelo-cidade/. Acesso dia 06 nov.2011.
- CHAIA, Miguel. A arte da exceção. Disponível em: http://www.pucsp.br/neamp/artigos/artigo_48.htm Acesso dia 03 dez. 2011.
- CYPRIANO, Fabio. Museu espanhol celebra aniversário com arte latina. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/756734-museu-espanhol-celebra-aniversario-com-arte-latina.shtml Acesso dia 03 dez. 2011.